quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Antropofagia








Tenho devorado o todo,
Do corpo
Magro, gordo.

Tenho devorado, mastigado,
Com os dentes, os lábios

Com unha riscado
Pintado dos pés a cabeça

Tenho devorado e enroscado
Nos caracóis do meu cabelo
Nos braços, nas pernas abertas

Com o dedo
Provado
Meu fel
Meu mel

Tenho devorado degustado
Seios,
Vulva,
Pele,
Pescoço,
Boca

Tenho devorado
Mastigado
Riscado
Pintado
Bulido
Enrolado
Degustado
Cada pedaço de mim
Que configura o todo que sou.

Elis Lua

Momento Leve

Momento leve

Um gosto de poesia
Uma gota de desejo
Uma colher de boa música
Uma atmosfera de suspense agradável
Uma poção de palavras...

Sorrisos, minutos de silêncios
Olhares, falas tristes
Uma amável acolhida
Um filme, muito cansaço, adormecemos...

E cabelos dançam, se encontram, brincam, desejos escondidos passeiam no ar...

O afoitamento demora, mas vem, e belos corpos se encontram com uma delicadeza das flores... Suspiro, alegria, pele, lágrima, transpiração, leveza, misturas de sentidos. Um sono, um encontro, um sonho.

Um dia sem céu

Um gosto de poesia amargo.
Uma atmosfera meio perturbadora.
Certos ruídos.
Gritos e Sussurros.

Em meu ouvido...

Onde escuto som de espelhos sendo fragmentados até o alcance das almas, diálogos fortes, desejos contidos, duas amantes, uma única pessoa, um pleno exercício e um tanto mais que ainda dança em mim até o que desencontro seja encontro.

Meio complexo, meio devastador, imagens, silêncio....

Cenas que pesam no meu ombro, me tiram o sono e desequilibram minha alma.

Cena que fez o grito reinar, cenas que dificilmente vou esquecer...

Palavras silenciam pelo nó na garganta, pelas lágrimas que caem no papel.

Elis Lua